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Título: Influência da urbanização no comportamento animal: há alterações na agressividade e na vocalização de uma ave tropical?
Autor(es): Campos, Rayane dos Santos Oliveira
Orientador(es): Soares, Charles Gladstone Duca
Alves, Pedro Diniz
Palavras-chave: Invasão territorial - Dialetos - Aves - Adaptação acústica - Urbano
Data do documento: 1-Abr-2020
Resumo: O comportamento animal pode variar de acordo com os ambientes, uma vez que diferentes pressões ambientais podem alterar parâmetros básicos como a sobrevivência e reprodução. As mudanças ambientais geradas pela urbanização, como aumento do ruído antrópico, concentração de recursos e construções humanas, podem alterar o comportamento agressivo e a vocalização de várias espécies, principalmente das aves. Logo, compreender as mudanças comportamentais e os processos influenciadores são importantes, uma vez que há uma relação com parâmetros básicos da vida animal. Para verificar se o comportamento agressivo e o canto do Sabiá-da-praia (Mimus gilvus) são influenciados ao comparar ambientes urbanos e naturais, dividimos este trabalho em dois capítulos: (1) investigar se o aumento da urbanização influencia a agressão territorial coespecífica e, (2) investigar a contribuição do ambiente e da distância entre as populações sobre o canto. Para o capítulo 1 sugerimos duas hipóteses: hipótese da agressão mediada por recurso considera que quanto maior a urbanização maior será agressividade devido à agregação e densidade de indivíduos nessa região, enquanto a hipótese da agressão mediada por ruído sugere o oposto, pois o ruído urbano afetará a percepção de machos à invasão de um coespecífico. No capítulo 2 também investigamos duas hipóteses: a hipótese da adaptação acústica, que prevê que indivíduos alteram o canto para maximizar a eficiência da transmissão do sinal acústico; e a hipótese do isolamento cultural, que sugere que a alteração do canto ocorre devido às distâncias entre as populações que afetam o aprendizado vocal. Encontramos que os machos de M. gilvus não apresentam diferença no comportamento agressivo entre os locais urbanos e naturais. Associamos essa resposta à semelhança entre os hábitats, à tolerância e a habituação da espécie em locais urbanos. Possivelmente a baixa qualidade e escassez de alimentos naturais em locais urbanos também contribuíram para esses resultados devido a qualidade e quantidade energética. Já no segundo capítulo encontramos que indivíduos mais próximos possuem estruturas do canto mais semelhantes somente na região Litoral Leste da América do Sul e que os padrões de similaridade do canto ocorrem em microescalas. Ainda, não encontramos diferenças de acordo com as características ambientais, mas encontramos diferença na frequência acústica entre as regiões. Não corroboramos a hipótese da adaptação acústica e corroboramos parcialmente a hipótese do isolamento cultural. Nossos resultados sugerem que o M. gilvus apresente uma variação em microescala, evidenciando a presença de dialetos. Estes resultados podem estar ligados à seleção sexual e competição intraespecífica, além da qualidade do indivíduo e de seu território que causariam uma permanência destes em seus locais de reprodução. Apesar de não estar correlacionado diretamente com a urbanização, salientamos que o efeito desta característica sobre o comportamento da espécie ainda requer estudos.
URI: https://repositorio.uvv.br//handle/123456789/544
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